HELL GUN é uma banda paranaense que lançou seu primeiro álbum na primeira semana de agosto: Kings of Beyond (2020).
É um trabalho incrível de Heavy Metal com mudanças interessantes de ritmo e um estilo que consegue emanar um estilo próprio.
O grupo teve que lidar com muitos problemas logísticos ao registrá-lo; a falta de tempo os impedia de ter um horário de sessões.
O que chama a atenção é que o HELL GUN é uma banda que ampliou sua qualidade não só na música, mas também em suas apresentações ao vivo.
A mesma importância que eles dão à sua composição também é dada à produção de seus shows e ao show que oferecem.
Nós conversamos com o baixista e vocalista do HELL GUN Marllon Woicizack e Matheus Luciano respectivamente, para saber os detalhes desse lançamento e do grupo.
Saiba mais sobre o HELL GUN:
HELL GUN: “acredito que o fã comum de Rock/Metal tem preconceito de ouvir novas bandas”
- Tivemos muitos imprevistos durante o processo de gravação e mixagem do disco
- A ideia inicial era fazer desse lançamento um split com a banda Mercy Killing mas acabou não rolando
- As mudanças de andamento são uma característica nossa, gostamos de sair do óbvio mas também acontece sem querer às vezes
HeavyRiff: Como a banda foi criada?
HELL GUN: A banda já existia como um projeto cover onde eu e o Lucas Licheski já tocávamos juntos.
Mas em 2013 foi quando nosso vocalista Matheus Luciano entrou e começamos a trabalhar nas músicas autorais, lançando então em 2015 o EP Southern Hell e marcando alí o real início da banda nos palcos e se dedicando desde então somente à nossas composições.
HeavyRiff: Assistimos ao vídeo The Night of the Necromancer, achamos ótimo! De quem foi a ideia de usar cenas de filmes expressionistas alemães?
HELL GUN: Que bom que gostaram, ela é uma das nossas músicas mais trabalhadas. A ideia de colocar as cenas de filmes foi do vocalista Matheus, ele e o artista gráfico Marlon Cerqueira, trabalharam bastante na seleção de cenas e montagem dos takes.
O expressionismo passa a idéia de algo exageradamente dramático e um tom naturalmente soturno e sombrio em muitos desses filmes que nos encantam demais.
Somos grandes fãs de filmes e contos de horror e foi uma forma bacana de transmitir esse lado da banda por meio de um lyric video.
HeavyRiff: Seu último lançamento foi o single Sacrifice de 2017, por que você demorou três anos para lançar Kings of Beyond?
HELL GUN: Na verdade, nosso último lançamento antes do disco, foi outro single Pride to the Nations que pode ser conferido no youtube como videoclipe.
A ideia inicial era fazer desse lançamento um split com a banda Mercy Killing mas acabou não rolando, por isso ele acabou ficando apenas disponível como vídeo mesmo, desde então temos nos divido entre shows e gravações.
Tivemos muitos imprevistos durante o processo de gravação e mixagem do disco, nossos horários não batiam, tínhamos somente os finais de semana disponíveis para gravar e às vezes ficávamos meses sem poder gravar.
Nosso produtor teve alguns problemas de saúde na família na época, então foi complicado mesmo, mas acabou dando tudo certo e o disco saiu como tinha que ser.
HeavyRiff: Em que aspectos você acha que a banda evoluiu desde seu nascimento em 2013 até o presente?
HELL GUN: Acho que nossa evolução foi em todos os aspectos, nós todos amadurecemos muito como pessoas e como músicos, aprendemos como funciona o underground, sabemos que não é fácil ter uma banda e aprendemos a valorizar nosso trabalho.
No início tínhamos a idéia simples de tocar metal oitentista juntos como diversão, porém acabamos desenvolvendo nossa pegada própria, e ganhando experiência no palco, como fazer um show profissionalmente, como se portar no palco, além de todos terem se dedicado aos estudos de seus respectivos instrumentos para o benefício da banda.
HeavyRiff: Como foi o processo de composição deste álbum; Foi um esforço de grupo ou recaiu sobre uma pessoa específica?
HELL GUN: As ideias iniciais do disco partiram em sua maioria do Guitarrista Lucas Licheski.
Mas sempre acreditamos no conjunto e foi um processo longo até às músicas chegarem no que são hoje, várias modificações nas letras, tempos, solos, riffs, condução e acréscimos foram feitos para o Kings of Beyond soar assim.
A raiz das idéias sempre partem de um riff e então todos trabalhamos juntos no desenvolvimento da música em estúdio.
HeavyRiff: É impressionante que eles usam muitas mudanças de ritmo, há muita criatividade em cada peça, isso é algo que você pensa desde o início ou acontece de forma esporádica?
HELL GUN: As mudanças de andamento são uma característica nossa, gostamos de sair do óbvio mas também acontece sem querer às vezes.
Se compormos algo considerado «reto» sentimos que falta algo á mais para ficar com a nossa cara.
HeavyRiff: Todas as músicas desse novo álbum foram compostas depois de 2017 ou elas têm músicas da época do Southern Hell?
HELL GUN: Na verdade algumas músicas como Cult of ignorance e Tears of Rá, já existiam por volta de 2016 mas não como hoje.
Como tocamos muito ao vivo de lá pra cá e tivemos algumas mudanças de formação, elas foram gradativamente evoluindo até ficarem da maneira que ouvimos no disco, até mesmo as músicas de Southern Hell, tocamos elas de uma forma bem diferente atualmente.
HeavyRiff: Você tem mais músicas que não conseguiu gravar para este álbum ou é todo o material que você escreveu?
HELL GUN: O Kings of Beyond foi pensado para não ser um álbum muito extenso, 9 faixas bem distribuídas acreditamos estar de bom tamanho para um álbum de estreia que seja bom de se ouvir.
Não concretizamos nenhuma música nova devido a pandemia, mas já temos muitas ideias em desenvolvimento.
De início havíamos pensado em incluir também a Pride to the Nations, mas como ela já estava lançada em forma de vídeo e também com uma produção satisfatória, resolvemos deixar de fora.
Temos várias músicas novas ainda em processo de composição mas para um novo disco ou EP, que esperamos não demore tanto tempo para ser lançado.
HeavyRiff: Por que você decidiu escrever suas músicas em inglês?
HELL GUN: Acreditamos que o inglês soa melhor para o heavy metal, é mais fácil de compor e melhor de ouvir.
Nosso vocalista possui bastante fluência em inglês assim como o Lucas, os dois são os compositores principais das letras e para eles foi algo natural desde o início.
HeavyRiff: Como foram as sessões no estudo; Houve algo que lhe custou mais trabalho ou tudo fluiu bem?
HELL GUN: Como gravamos a maioria dos takes em minha casa foi tranquilo, gravamos bem a vontade, nisso tudo nosso inimigo foi o tempo, pois tínhamos pouquíssimas horas por dia de gravação e não sabíamos quanto tempo levaria para que houvesse a próxima sessão.
Algumas vezes houveram problemas de logística, transportar equipamentos, e extrair um som de qualidade mesmo não estando em um estúdio profissional, mas com a ajuda do nosso produtor Arthur Migotto isso fluiu da melhor maneira possível.
HeavyRiff: O quanto Arthur Migotto o ajudou a fazer este álbum e obter o som do álbum?
HELL GUN: O Arthur fez toda a diferença, foi dele a proposta de gravar nosso disco e sem ele o resultado não seria tão favorável.
Ele é um expert no som vintage, é algo que buscávamos mas teria que ser feito de uma maneira natural para nós, não algo forçado para se parecer oitentista, desde o início ele entendeu nosso proposta e aceitou o desafio de nos gravar,
HeavyRiff: Como você entrou em contato com a Classic Metal Records e quantas cópias do seu álbum o ajudou a lançar?
HELL GUN: Já haviamos recebido propostas de selos internacionais.
Mas achamos importante primeiramente focar o lançamento do CD no Brasil, dentre os selos disponíveis a Classic Metal é sem dúvidas um dos melhores em questão de lançamentos nacionais e internacionais, então o Matheus mostrou nosso material para o Denis que aceitou de imediato fazer o lançamento.
HeavyRiff: Como alguém interessado em adquirir seu álbum pode obtê-lo?
HELL GUN: Fizemos uma prensagem inicial de 500 cópias e quem quiser adquirir nosso cd pode entrar em contato conosco pelo Facebook ou Instagram, ou entrar no site da Classic Metal Records.
HeavyRiff: Como você planeja promover este álbum de estreia em uma época tão complicada como a atual?
HELL GUN: O melhor meio de divulgação que temos no momento é a internet, então como não podemos fazer shows e encontrar o pessoal por aí, estamos utilizando ferramentas como plataformas de streaming e compartilhando o disco nas redes sociais, preparando um merchandising bacana, fazendo algumas entrevistas para sites e revistas e buscando atingir um público maior dessa forma.
HeavyRiff: Por muitos anos, muitas bandas como você lançaram um material muito bom, por que você acha que muito poucos (ou nenhum) conseguiram dar o salto para as grandes ligas e tocar para grandes públicos?
HELL GUN: Acredito que o foco do mercado é outro, houve um tempo em que o Heavy Metal era feito para um público enorme em larga escala, como um produto da indústria cultural mesmo, isso acabou até mesmo saturando o estilo lá pelo final dos anos 80.
Hoje em dia o público apaixonado por novas bandas está no underground e são poucas as bandas, com exceção dos dinossauros do estilo, que alcançam o grande público.
Acredito que o fã comum de Rock/Metal tem preconceito de ouvir novas bandas, talvez até por isso grandes gravadoras não apostem tanto em novatos.
HeavyRiff: Agora que você lançou seu álbum de estreia com sucesso, que lição ou conselho você daria para novas bandas que estão prestes a fazer o mesmo?
HELL GUN: Bom acho que o mais importante sempre será: seja autêntico, acredite em si como músico e artista.
Todos temos influências e ídolos mas no final do dia, é você e sua banda que estará sendo ouvida, outra coisa importante é não seguir ondas ou modas, siga seu coração e faça a música que realmente ama.
Como lição acredito que o mais importante como banda é: ensaiem muito, não tenha medo de investir em um bom show e de se portar como um artista no palco.
HeavyRiff: Muito obrigado pelo seu tempo! Alguma palavra final para os leitores?
HELL GUN: Agradecemos a oportunidade de divulgar nosso trabalho, muito obrigado à todos que estão ouvindo o cd, compartilhando, comentando, é maravilhosa a sensação de lançar um disco de heavy metal e ele ser bem recebido e aceito pelo público.