Tuto Hallgrim ,a arte de gravar um álbum sozinho

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Tuto Hallgrim é um músico e professor brasileiro que, em sua busca por novos métodos de ensino, conseguiu construir o que mais tarde se tornou seu primeiro álbum de estreia: Do it yourself (2019).

 

O álbum reúne dez peças instrumentais que odeiam o título do álbum, uma vez que foram compostas, gravadas, mixadas e masterizadas pelo próprio Tuto Hallgrim.

 

Neles você pode ver um músico honesto, comprometido com seu instrumento; O processo criativo pode muito bem ser a melhor maneira pela qual esse músico pode ensinar seus alunos dando o exemplo.

 

 

 

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Tuto Hallgrim: o instrumento é um veículo para expressar minhas emoções, pois a guitarra não tem coração e nem alma

 

HeavyRiff: Como foi seu primeiro encontro com o violão?

 

TH: Quando tinha 12 anos ganhei um violão e um bandolim do meu pai, pois queira aprender chorinho, uma vertente do samba. Nessa época eu morava em Marília e só tinha professor de violão, então iniciei neste instrumento.

 

HR: Você se lembra da primeira vez que ouviu heavy metal?

 

TH: Eu tinha 10 anos quando o Kiss veio para o Brasil, a música I Love it Loud tocava nas rádios da cidade, era o som mais pesado que eu tinha escutado e me chamou atenção. Depois veio o Rock in Rio em 1985 e passei a escutar todas aquelas bandas.

 

HR: Quanto o fato de sua mãe ser pianista influenciou você?

 

TH: Acho que foi um dos fatos importantes, pois no inicio dos anos 80 eu era pequeno e ficava ouvindo as músicas das suas aulas. Ela chegou a me ensinar algumas coisas, mas eu não me interessei pelo piano naquela época, mas hoje me arrependo, pois acho um instrumento maravilhoso.

 

HR: Que impacto o show do KISS em 1983 teve sobre você?

 

TH: Fiquei impressionado. Um amigo comprou o álbum Creatures of the Night, e nós ouvimos bastante. O som era muito pesado e as maquiagens davam um aspecto teatral que chamava a atenção. Além de boa música eles sempre fizeram um marketing muito bom.

 

HR: Quando surgiu a ideia de fazer um álbum solo?

 

TH: Eu estava dando aulas de guitarra e comecei a testar alguns programas para gravar meus alunos. Gravei 3 músicas minhas no intuito de pesquisar timbres. Depois disso percebi que era possível gravar um álbum no meu apartamento.

 

 

HR: Desde o início você teve a ideia de fazer tudo sozinho; nunca pensou em convidar músicos?

 

TH: Depois que gravei as primeiras músicas, notei que não precisava de outros músicos, pois elas foram saindo naturalmente e consegui dar conta do recado. Por essa razão o nome (Do It Yourself), faz juz ao trabalho.

 

HR: Por que você decidiu fazer todas as músicas instrumentais; nunca pensou em convidar um vocalista?

 

TH: Eu sempre gostei de música instrumental. Vários músicos fazem isso ha muito tempo, assim como diversas bandas. Por enquanto não penso em chamar um vocalista, mas não descarto essa possibilidade no futuro.

 

HR: Em sua experiência como músico, como você se sente mais confortável: trabalhando com vários membros em uma banda ou sozinho?

 

TH: Eu não tenho preferencia, pois depende da situação. Eu já trabalhei com vários músicos em bandas de estilos diferentes, fazendo shows e gravações, com isso, adquiri experiência para trabalhar sozinho no meu álbum, pois eu sabia desde o início o que era melhor para as minhas músicas.

 

HR: Quanto tempo você demorou para compor essas peças e o que você considera mais difícil de terminar?

 

TH: O processo demorou cerca de 4 meses, pois eu gravava nas horas vagas. Quando iniciei, eu tinha apenas os riffs das músicas “Living in the `80” e “Vulture”, mas elas não estavam completas.

 

As outras músicas foram saindo naturalmente, e não tive trabalho para termina-las. A parte mais difícil foi mixar e masterizar que eu não tinha experiência para fazer isto.

 

HR: Você partiu de uma melodia para construir o resto ou como foi seu processo criativo?

 

TH: Para mim não existe regra. Eu posso estar caminhando na rua e ouvir uma melodia na minha cabeça, então começo a cantar e gravo no celular para não esquecer. As vezes estou aquecendo, tocando qualquer coisa e pode surgir um riff. Vou guardando junto com outras ideias para usar futuramente.

HR: Como você fez as melodias contarem uma história?

 

TH: Eu tive a sorte de ter bons professores que me ensinaram a usar o instrumento como um veículo para externar minhas emoções, pois a guitarra não tem coração e nem alma.

 

Na maioria das vezes procuro compor sem o instrumento, ouvindo a música que soa na minha cabeça, somente depois toco na guitarra. Assim, as melodias ficam com mais sentido, o discurso soa mais belo.

 

Para que isso aconteça, estou sempre praticando compondo, pois tudo é exercício.

 

Há também outro meio, através da expressão espontânea, pois fico tocando notas aleatórias em velocidades diversas, e as vezes surgem ideias boas.

 

Estas são algumas maneiras e não regras. Funcionam para mim e cada pessoa deve encontrar seu modo de fazer.

 

 

HR: Como foi o processo de programação da bateria, alguém te ensinou ou te ensinou?

 

TH: Eu nunca tinha programado e precisei pensar como um baterista, que não foi fácil. Com os plugins tive a ajuda de um antigo amigo, o Hataka, que teve paciência e me deu muitas dicas, ele também fez a capa do álbum.

HR: Vocês lançaram o álbum em formato físico ou só está disponível em formato digital?

 

TH: Somente digital, pois o streaming esta muito forte no mercado.

 

HR: Você teve a oportunidade de apresentar essas peças ao vivo em uma clínica?

 

TH: Ainda não, pois desde o lançamento, estou divulgando sozinho, enviando e respondendo e-mails, mas penso em fazer futuramente.

 

HR: Agora que você terminou seu álbum, como você vê o processo à distância; Você recomendaria a um jovem músico que tentasse o mesmo?

 

TH: Eu não esperava que tivesse alguma repercussão, pois fiz mais para deixar um legado e ter no meu portfólio.

 

Depois comecei a enviar o material e as pessoas deram respostas positivas sobre as músicas, então passei a acreditar que eu tinha algo a dizer através delas.

 

É arriscado fazer um álbum desta maneira sem ter experiência, um jovem músico deve se arriscar, mas precisa estar ciente das dificuldades, pois não estará maduro o bastante para realizar um trabalho tão complexo.

 

Se eu pudesse teria feito aos 18 anos, mas se aconteceu aos 46, foi porque o momento era este.

 

O jovem deve estudar bastante, ter iniciativa e procurar informações com pessoas mais experientes e que possam ajuda-lo.

 

Manter a calma, apreciar o processo e não fazer nada com pressa é fundamental para que a pessoa não tenha frustações logo no início da carreira.

 

HR: Você está planejando algum novo trabalho instrumental ou o que está fazendo atualmente?

 

TH: Sim. Eu tenho 15 músicas novas. Dessas sairão 8 ou 10 que farão parte do novo álbum, ele deve ser lançado em 2021 e serão instrumentais com influencias de bandas mais modernas como Lamb Of God, Gojira, Meshuggah etc, sem deixar o bom e velho Heavy Metal para trás. Neste momento estou fazendo as gravações.

 

HR: Muito obrigado por suas respostas! Alguma palavra final para os leitores que ouvirão sua música?

 

TH: Eu agradeço de coração a Revista Heavy Riff pela oportunidade dessa entrevista.

 

Os leitores que quiserem entrar em contato podem acessar o meu site e as minhas redes sociais. Muito Obrigado e muito som à todos.